terça-feira, 6 de janeiro de 2015

#160 Filha do mar

Lembra-me quando o sol me esquecer!
Prende-me quando as nuvens me soltarem!
Acalma-me quando a terra me assustar!
Segura-me quando as ondas me levarem!
Levanta-me quando as pedras me fizerem cair!
Agarra-me quando o vento me levar!
Puxa-me quando a areia me enterrar!
Seca-me quando a chuva me molhar!
Sorri quando o fogo me fizer chorar!



Escrevi isto quando ainda me chamavas hija del mar, quando o meu mundo girava para ti, quando o meu coração tinha o teu nome e quando invadias os meus sonhos.
Escrevi isto quando ainda vibravas com os meus erros de portunhol, quando brincavas com a minha pronuncia e sorrias quando me ouvias falar o idioma que me corre nas veias.
Escrevi isto quando acreditava em nós mesmo quando a vida nos virava as costas, quando eras para mim o mais que tudo, quando éramos livremente inocentes.
Escrevi isto quando a desilusão não fazia parte do vocabulário, quando as lágrimas apareciam cheias de amor, quando o toque era pura magia.
Agora - neste preciso e exacto momento - admiro-te por tudo o que passámos, reconheço-te por teres sido o meu grande mestre e tudo o que me ensinaste, recordo cada olhar e cada malandrice, agradeço-te por me fazeres acreditar o que há muito tinha perdido e que por medo não queria viver.
Não sei se mais alguma vez haverá oportunidade de confronto real, não sei o que o destino me reserva, não sei que caminho vou escolher mas está mais que certo aquele que tu escolhes-te e não sou eu que te vou fazer parar. Mesmo que me dês esse poder não o vou usar. Não faz sentido. Não o quero. Seguirei o meu caminho mas podes ter a certeza que comigo guardarei o teu carinhoso hija del mar.
Podes ser passado, podes ser desilusão, mas és também admiração e cumplicidade!

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