segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

#267 Ponto final

As pessoas tornam-se ridículas. Recusam-se a compreender o que parece intangível ao olhar crítico das regras que limitam-lhes os círculos viciosos em que vivem. Tornam-se feias e desrespeitosas. Perguntam-me constantemente:
'Mas como é que consegues aceitar?'
'Também és assim?'
'Como é que ainda te dás com essa gente?'
Não imaginam as feridas que causam com este tipo de comentários. Magoam-me. Nem quero saber se a intenção é mesmo essa... Conseguem fazer da vida um drama sintético. Perdoem-me mas não sou como vocês e não consigo viver as vossas maneiras de sentir. Achavam que ia virar-lhe as costas como a grande maioria das pessoas fez? Afastava-me dela como se de uma doença contagiosa se tratasse? Criticava-a por não gostar do mesmo que eu? Julgava-a como se fosse um crime? É apenas homossexualidade. E tal como ela me respeita, eu respeito-a. E tal como ela aceita-me assim tal e qual como sou, eu aceito-a também. Nunca mudaria a minha maneira de lidar com ela. É a minha melhor amiga há 10 anos. Eu assisti há revolta inicial quando ela se apercebeu que era "diferente" aos olhos dos outros, aos namoros heteros falhados, a uma luta injusta entre o que ela é e o que a sociedade quer que seja, a rejeição da família, a expulsão de casa, aos sonhos de menina, aos desamores, ao primeiro grande amor e acima de tudo a vê-la libertar a alegria escondida. Lembro-me quando ela me confidenciou o que se passava, a minha primeira reacção foi perguntar-lhe 'És feliz?'. A resposta positiva bastou-me para saber que fosse como fosse eu estaria sempre do lado dela. E assim é, porque podemos ter estilos de vida diferentes mas os nossos sentimentos são iguais.

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